terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

Expedição Aratuba - Sacoila lanceolata (Aubl.) Garay


Vista do Serrote da Benedita - Foto de Marcelo Carvalho

No dia 26 de janeiro de 2015, partimos para a Serra de Aratuba, Leonardo Jales, amigo fotografo ambientalista e etnográfico e o colega Gleidison Lima, conhecedor destas matas, costumes e tradições aratubenses, que nos guiou nesse dia produtivo. Para uma ida ao mato desta região serrana cearense rica em diversidade biológica, mas com alto grau de degradação das suas matas. 

Aratuba tem origem na língua Tupi, e quer dizer "ajuntamento de pássaros"  através da junção dos termos gûyrá ("pássaro") e tyba ("ajuntamento"). As terras ao redor eram habitadas por índios de origem Tupi como os Canidés. A formação de seu núcleo urbano se deu a partir do século XVIII com as catequeses dos Jesuítas e com pessoas oriundas de Baturité e de outras regiões notadamente do semiárido, provavelmente fugindo das secas.  Seu nome anterior era Coité, depois Santos Dumont desde 1950, Aratuba.

O clima tropical quente úmido com pluviometria média de 1737 milímetros anuais. As chuvas concentram-se de janeiro a abril. As fontes de água de Aratuba fazem parte da bacia metropolitana e do Rio Curu, sendo as principais fontes os rios do Aracaju, dos Tavares, o rio Putiú (afluente do rio Aracoiaba) e o Rio Pesqueiro, que deságua no Açude Pesqueiro (com barragem em Capistrano), bem como riachos tais quais o dos Barros, Bom Jardim, do Cedro, Esterteal, Furna da Onça, da Lagoa Nova e Salgadinho.

Aratuba localiza-se no Maciço de Baturité, a uma altura média de novecentos metros acima do nível do mar, possuindo o núcleo urbano mais alto do estado do Ceará (a sede do município localiza-se a 945 metros de altura). Possui relevo bastante acidentado, sendo a principal elevação o Serrote da Benedita.



Região Metropolitana de Aratuba - Foto de Marcelo Carvalho

Da vegetação original que havia resta muito pouco. Mas há vestígios de Mata Atlântica, Caatinga arbustiva aberta e  floresta caducifólia espinhosa. No Pico do "Mussum" ainda encontra-se uma vegetação muito peculiar, bastante degrada pelo pasto de gado, muito parecida com aquelas presente nos Campos rupestres.


Entre os grandes achados desta Expedição do Movimento Pró-Árvore foi a Sacoila lanceolata, uma orquídea terrestre, que foi registrada anteriormente pelo menos em três momentos, na década de 70, "Luizinho", (orquidófilo e sócio da Associação cearense de orquidófilo - ACEO) coletou material onde hoje é o aeroporto, naquela local havia uma mata com áreas alagadas, porém esse material não foi depositado em herbário; no ano 2000 Antonio Sergio (Agrônomo e botânico taxonomista, também ativista do Movimento Pró-Árvore), coletou material em Carnaubal-CE, cujo o exemplar encontra depositado no EAC (Herbário Prisco Bezerra - UFC); possivelmente em 2005 e com toda certeza em 2007 outro orquidófilo, (Arilo Veras) coletou exemplares dessa espécie na serra de Uruburetama, as quais também encontram-se depositadas no EAC. Este achado foi o primeiro registro para a Serra de Aratuba, sendo a espécie identificada pelo amigo e mestre Antonio Sergio, o mesmo que primeiro depositou a espécie em herbário Estes fatos foram narrados por ninguém menos que Wilson Lima-Verde, maior estudioso das orquídeas cearenses e diretor técnico-científico da ACEO.


Sacoila lanceolata (Aubl.) Garay - Foto de Leonardo Jales Leitão

Sacoila é um género botânico pertencente à família das orquídeas (Orchidaceae). Foi proposto por Rafinesque em Flora Telluriana 2: 86, em 1836, tipificado pela Sacoila lurida Raf., nome ilegal pois havia sido primeiro descrita como Neottia aphylla Hook., em 1828, ambas são sinônimos da anterior Sacoila lanceolata (Aubl.Garay, publicada em 1775 como Limodorum lanceolatum Aubl. O nome vem do grego saccos, saco, e koilos, oco, em referência ao calcar formado pela base do labelo e sépalas laterais de suas flores. Lanceolata epiteto latim que quer dizer: em forma de lança.


Sacoila lanceolata (Aubl.) Garay
 Foto de Leonardo Jales Leitão (Professor e ambientalista)

Ocorre geralmente em campo aberto, precisando de muita luminosidade. Erva perene passa a maior parte do ano submersa, somente com suas raízes tuberosas. Quando das primeiras chuvas emerge sua parte vegetativa com folhas pilosas e lança sua haste floral. Como não detêm de muitos recursos, dispensa suas folhas e fica apenas com sua haste floral. Devido ao seu hábito perene é difícil encontrar essa e outras tantas orquídeas terrestres, por isso mesmo há poucos estudos sobre as mesmas



Sacoila lanceolata (Aubl.) Garay
Foto de Leonardo Jales Leitão




Fontes:

L. Watson and M. J. Dallwitz, The Families of Flowering Plants, Orchidaceae Juss.
<http://pt.wikipedia.org/wiki/Sacoila) > Acesso em :02 Fev. 2015
Barros, F. de; Vinhos, F.; Rodrigues, V.T.; Barberena, F.F.V.A.; Fraga, C.N.; Pessoa, E.M.; Forster, W.; Menini Neto, L.; Furtado, S.G.; Nardy, C.; Azevedo, C.O.; Guimarães, L.R.S. Orchidaceae in Lista de Espécies da Flora do Brasil. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Disponível em: <http://floradobrasil.jbrj.gov.br/jabot/floradobrasil/FB12182>. Acesso em: 02 Fev. 2015
rummitt, RK; CE Powell. 1992. Authors of Plant Names. Royal Botanic Gardens, Kew. ISBN 1-84246-085-4


quarta-feira, 1 de outubro de 2014

Alatiglossum barbatum (Lindl.) Baptista

Mesmo com a seca severa a serra de Aratanha promove um espetáculo sem igual. Na minha última ida aquele lugar mágico fotografei um belo exemplar da orquidoflora cearense


 Alatiglossum barbatum (Lindl.) Baptista  







domingo, 6 de julho de 2014

Habenaria

Willdenow, que publicou o gênero Habenaria


Depois de seus estudos em Farmácia, Carl Ludwing Willdenow, prosseguiu seus estudos em Medicina e Botânica na Universidade de Halle, obtendo o titulo de doutor em medicina. Trabalhou como farmacêutico e professor de História Natural no "Collegium medico-chirurgicum". Sendo nomeado em 1801, como membro da acadêmia de Ciências e professor de Botânica  na nova Universidade de Berlim. Trabalhou com plantas coletadas  por Alexander Von Humboldt quando da sua viagem pela América do Sul. E foi Willdenow que publicou o gênero de Orchidaceae Habenaria, em Species Plantarum Editio quarta 4(1):5,44, em 1805, tendo seu lectótipo sido selecionado posteriormente por Kraenzlin como Habenaria macroceratistis Willd. em Bot. Jahrb. Syst. 16:58, em 1892.


 Habenaria macroceratistis Willd. Photo by © Prem Subrahmanyam


O nome do Gênero vem do latim habena, rédea, uma referência ao fato das pétalas de suas flores apresentarem longas divisões que se parecem com rédeas.

Distribuição

O gênero possui cerca de 650 espécies distribuídas por toda área equatorial  e tropical de todos os continentes, do nível do mar até três mil metros de altitude. Habenaria Will. com 153 a 163 espécies (Barros et all. 2010; Batista et all. 2011a), é o maior gênero em número de espécies para a família Orchidaceae no Brasil. Sendo Minas Gerais ( Com 93 espécies) (Batista et all. 2011.) o estado com  maior representatividade. Destacando o Cerrado como principal centro de atividade, incluindo Campos Rupestres do Planalto Central e região sudeste.

No Ceará, segundo o "Flora do Brasil" (Projeto do Jardim Botânico do Rio de Janeiro, que engloba um esforço de várias instituições de pesquisas e renomados especialistas), só ocorrem três espécies:

  • Habenaria gracillis Lindl.
  • Habenaria hexaptera Lindl.
  • Habenaria trifida Kunth
Porém o site da ACEO - (Associação cearense de orquidofilos), que tem como diretor técnico o maior especialista e coletor de orquídeas do Ceará, pesquisador da Universidade Federal do Ceará, Luiz Wilson Lima-Verde, lista mais uma espécie:

  • Habenaria urbaniana Cogn. 

Habenaria cf. petalodes - Foto de Douglas Soares

Algumas características do gênero

Dentro de um Gênero tão vasto, as diferenças morfológicas e e hábitos variam na mesma intensidade. Porém, de modo geral as espécies brasileirassão terrestres, de terrenos mais ou menos úmidos, ou então humícolas nas matas sombrias; em áreas ensolaradas, sobre as pedreiras ou campinas. 

Em vez de pseudobulbos, apresentam túberes subterrâneos que crescem depois da floração tornando-se responsáveis pela sobrevivência das plantas, cuja parte visível perece depois da floração. O caule e folhas podem ser de tamanhos muito variáveis, desde alguns centímetros, até mais de dois metros de altura. A inflorescência é apical e apresenta de uma a muitas flores, normalmente verdes ou brancas, mas podendo também serem de outras cores, notadamente amarelas. O labelo em regra é prolongado em longo calcar, raramente sem.
A principal característica desse gênero, com raríssimas exceções, está nas pétalas de suas flores, freqüentemente bipartidas até perto da base, às vezes trilobadas.



Habenaria johannesis 

Histórico


O gênero Habenaria, bem como a extinta subtribo Habenarinae foram muito pouco estudados até hoje. Aparentemente Habenaria será subdividida em diversos gêneros. Análises recentes de DNA ainda tem dificuldades em determinar exatamente dos limites de muitos gêneros subordinados às subtribos Orchidinae e Habenarinae, assim sendo, a antiga subtribo Habenarinae foi momentaneamente abandonada, subordinando provisóriamente todos estes gêneros à Orchidinae, até que se possa dividi-los com segurança.
Desde 1982 o polonês Szlachetko, especialista em orquídeas terrestres, tem estudado este gênero e propôs muitos novos gêneros para sua divisão, entretanto ainda não há consenso como esta será feita, assim, da mesma forma, por enquanto estamos tratando como sinônimos muitos dos novos gêneros já criados para subdividir Habenaria.

A diminuição do número total de espécies também é prevista uma vez que inúmeras são as espécies mal esclarecidas que possívelmente devem tornar-se sinônimos no futuro.


Habenaria medusa Kraenzl.

HABITATS

Cerrado – O Cerrado é o Bioma que apresenta o maior número de espécies de Habenaria no país. O Cerrado é formado por um mosaico de vegetações que variam desde o cerradão até o campo limpo. Os ambientes mais abertos, como os campos sujos e os campos limpos são os que concentram o maior número de espécies. 
  • Veredas e campos úmidos – Dentre os vários tipos de vegetação associados ao Bioma Cerrado os campos úmidos são o que concentram o maior número de espécies de Habenaria. Esses campos podem ser estacional ou permanentemente úmidos. Frequentemente ocorrem associados a pequenas elevação regulares conhecidas como murundus.
  • Campos rupestres – Ocorrem principalmente em Minas Gerais na Cadeia do Espinhaço e em Goiás. A vegetação é semelhante a um campo sujo, mas ocorre em meio a afloramentos rochosos. O número de espécies de Habenaria que ocorre nesse tipo de vegetação é grande, destacando-se a Habenaria guilleminiicom um calcar de 1-3 mm e a Habenaria caldensis.
  • Mata Atlântica – São poucas as espécies de Habenaria que ocorrem em matas e na Mata Atlântica. A maioria das espécies tem as folhas bem desenvolvidas. Uma espécie típica e comum desse ambiente é a H. josephensis.
  • Matas Nebulares – são matas que ocorrem em altitudes mais elevadas nas montanhas e que embora não estejam associadas a um curso de água se mantém úmidas devido a quantidade de neblina. São poucas as espécies de Habenaria desse tipo de vegetação, destacando-se a H. umbraticola.
  • Campos de Altitude – São campos limpos ou sujos que ocorrem em áreas acima de 1.500 m em áreas de Mata Atlântica. Uma espécie típica desse ambiente é a Habenaria paranaensis, comum na região do Itatiaia a na Serra dos Órgãos no estado do Rio de Janeiro.
  • Além dos habitats anteriores algumas espécies também ocorrem em matas secas como a H. cryptophila, enquanto outras são aquáticas sendo encontradas na beira de lagoas ou rios, como a H. repens. Algumas poucas espécies são beneficiadas pela ação humana, ocorrendo em áreas antropizadas como pastagens e beira de estradas, destacando-se nesse caso a H. petalodes.

Habenaria rhodocheila



ECOLOGIA E BIOLOGIA REPRODUTIVA 


As espécies de Habenaria não possuem órgãos de armazenamento bem desenvolvidos como pseudobulbos ou raízes tuberosas, de modo que conseguem crescer e florescer apenas no período chuvoso quando há disponibilidade de água. As plantas precisam crescer durante uma ou mais estação para formar um túbera com nutrientes armazenadas que irão sustentar uma nova floração. Após a formação e amadurecimento dos frutos as plantas secam e permanece apenas a túbera subterrânea que sustentará uma nova brotação e crescimento na próxima estação.

Considerando o número de espécies, ainda são poucos os estudos sobre a biologia floral e reprodutiva do gênero. No Brasil destacam-se os trabalhos de Rodrigo B. Singer. Os estudos desse pesquisador mostraram que algumas espécies são polinizadas por ‘pernilongos’ e mariposas noturnas. Esses insetos, atraídos pelo perfume noturno das flores, introduzem a probóscide no calcar para coletar o néctar. No caso da H. parviflora, o viscídio tem uma forma especial com um encaixe que se adapta a probóscide do polinizador, facilitando a fixação e remoção do polinário.


Habenaria longicorniculata


Discussão

Mesmo com a importância florística desse gênero no Brasil, há grandes lacunas de conhecimento. Um dos fatores que dificultam o estudo é o fato das espécies apresentarem crescimento sazonal. As plantas crescem e florescem no período de chuvas e desaparecem durante o período seco. Permanecendo somente a túbera, subterrânea. O que dificulta muito determinar a distribuição e levantamento de espécies.






Fontes:
<http://floradobrasil.jbrj.gov.br/>. Acesso em: 06 Jul. 2014
<www.orquifofilos.com>

segunda-feira, 30 de junho de 2014

Palestra na ACEO - Associação Cearense de Orquidófilos

Neste último sábado, dia 28 de junho, tive a honra de apresentar na ACEO - Associação cearense de orquidófilos uma palestra sobre as Serras úmidas cearenses e novas ocorrências de Orchidaceae para o Ceará. Foi muito especial por ter sido no mês em que se comemora o dia do Orquidófilo dia 22 de junho, dia escolhido por ser o nascimento de Barbosa Rodrigues, um dos maiores botânicos brasileiros.





A Associação Cearense de Orquidófilos (ACEO) foi fundada em 26 de outubro de 1977, com o nome de Sociedade Cearense de Orquidófilos. Reestruturada e rebatizada em 21 de abril de 2007, é uma entidade civil, cultural, preservacionista, técnica e científica, sem fins lucrativos, com sede na cidade de Fortaleza.
Os associados se reúnem uma vez por mês, na Casa de José de Alencar, encontro que acontece sempre no terceiro sábado de cada mês, a partir das 15h. Nessas ocasiões, todos levam vasos floridos, o que resulta em pequenas exposições. Além dos informes e da distribuição do “Boletim ACEO”, uma publicação mensal, são dadas palestras, promovem-se discussões, analisam-se algumas flores expostas no local e faz-se o sorteio de plantas. Esporadicamente, acontecem encontros informais na residência dos associados, onde há visita ao orquidário, bingos e sorteios.

Palestra de Marcelo Carvalho na ACEO deu significado especial à reunião de junho

30 DE JUNHO DE 2014
Com muita didática e conhecimento, Marcelo prendeu a atenção dos presentes.
Com muita didática e conhecimento, Marcelo prendeu a atenção dos presentes.
Os orquidófilos fizeram questão de posar ao lado do palestrante
Os orquidófilos fizeram questão de posar ao lado do palestrante
Terezinha foi a grande felizarda na rifa de uma Vanda florida.
Terezinha foi a grande felizarda na rifa de uma Vanda florida.
A Associação Cearense de Orquidófilos (ACEO) realizou sábado passado, dia 28/jun, uma de suas reuniões mais movimentadas, com a apresentação de palestra que despertou vivo interesse entre todos os presentes. O expositor foi Marcelo Carvalho, que trabalha comosommelier (atendente de vinhos), desenvolvendo, paralelamente, intensa atividade como naturalista amador e estudioso da Botânica, atuando também em movimentos de defesa do meio ambiente, como o Greenpeace e o Pró-Árvore. Nos últimos anos, ele vem explorando, com especial dedicação, a cobertura vegetal das serras cearenses. O resultado foi a descoberta de várias espécies que ainda não constavam da relação de orquídeas que ocorrem em nosso Estado. (O conteúdo da palestra, dada sua relevância, será objeto de nova postagem, ainda esta semana, no www.orquidofilos.com)
Após a exposição de Marcelo Carvalho, a ACEO comemorou o Dia do Orquidófilo (que transcorreu a 22 de junho), realizando o sorteio de 10 mudas de orquídeas, entre espécies e híbridos oriundos do Orquidário Santa Bárbara. Também foram sorteadas plantas oferecidas por um dos associados. A “sorte grande”, porém, sorriu mesmo para Terezinha Gomes, contemplada com uma Vanda Pure’s Wax ‘Patchara’ florida, que foi retira do orquidário da Associação para animar uma rifa. Os recursos arrecadados se somam ao esforço para realização do 8º FestOrquídeas, em novembro próximo.
Causou especial alegria, nessa reunião, o fato de alguns associados, que se encontravam afastados por motivos diversos, terem retornado ao convívio da ACEO.

A ACEO, cujo símbolo é uma representação estilizada da Cattleya labiataLindley, espécie encontrada nas regiões serranas do Ceará, tem entre seus objetivos:
  • Reunir pessoas que tenham interesse pelas orquídeas e dar continuidade ao trabalho realizado pela Sociedade Cearense de Orquidófilos;
  • Lutar pela preservação das espécies de orquídeas em seu meio ambiente e apoiar programas visando à pesquisa de espécies nativas, sua reprodução e reintrodução em seus habitats;
  • Compartilhar informações técnicas com entidades correlatas e estimular a publicação de trabalhos técnico-científicos ligados ao mundo das orquídeas;
  • Promover exposições, feiras, cursos, palestras, seminários, simpósios e outros eventos que contribuam para divulgar a orquidofilia;
  • Desestimular a coleta predatória de plantas nativas;
  • Levantar e reconstituir a história da orquidofilia cearense.

Diretoria

A atual Diretoria da ACEO (gestão 2013/2015) está assim constituída:
A Diretoria Executiva:
  • Presidente – Vera Lúcia Matos Coelho
  • Vice Presidente – Antonio Estanislau Souza Queiroz
  • Primeira Secretária – Cláudia Sales Silva
  • Segunda Secretária – Michelle Canário Passos
  • Primeiro Tesoureiro – Francisco Juvêncio de Andrade Neto
  • Segunda Tesoureira – Elza Ferreira da Silva
  • Diretora de Eventos – Juliana Coelho Carvalho
  • Diretor Técnico e Científico – Luiz Wilson Lima Verde
  • Diretor de Comunicação – Italo Gurgel
  • Diretora de Patrimônio – Rafaela Cláudia Pereira da Silva
Conselho Fiscal e Deliberativo:
  • Clarismar Boussaingault
  • Francisco Edmilson Costa
  • Thomaz Antonio Sidrim

quinta-feira, 29 de maio de 2014

Stelis duckei - Micro orquídea endêmica do Ceará




Stelis duckei - espécie endêmica do Ceará - Foto por Marcelo Carvalho, Maio de 2014

Gênero Stelis


Stelis  é um gênero Neotropical da subtribo Pleurothallidinae (Epidendreae: Orchidaceae) (Chase et al, 2003;. Pridgeon, 2005). 


" ... a circunscrição de Stelis s.l. proposto por Pridgeon e Chase (2001) inclui oito subgêneros de Pleurothallis R. Br.. [Crocodeilanthe Rchb. f. & Warsz., Dracontia (Luer) de Luer, Effusiella Luer Elongatia (Luer) de Luer, Mystacorchis Szlach. & Marg., Physosiphon Lindl., Physothallis Garay, e Pseudostelis Schltr.], e os gêneros Condylago Luer e Salpistele Dressler em sinonímia. A maior diversidade de Stelis s.l. é na região andina (Karremans et al. 2013), enquanto no Brasil, Barros et al. (2013) citou apenas 50 spp., Dos quais cerca de 40 são encontrados no Mata Atlântica." (Pessoa e Alves:2013).

Histórico

O gênero Stelis foi proposto por Swartz no Journal für die Botanik 1799 (2): 239, pl. 2, f. 3, em 1799, baseando sua descrição na espécie tipo, Stelis ophioglossoides, anteriormente descrita por Jacquin como Epidendrum ophioglossoides.

Etimologia de Stelis

O nome refere-se à sua semelhança a uma planta epífita conhecida como erva-de-passarinho.


Para o estado do Ceará, até recente, somente constava registro de uma espécie apenas, no caso, Stelis aprica. como consta em FREITAS, REGINA CELLI ARAÚJO. MATIAS,  DOS SANTOS, MARIA LUNA GAUDÊNCIO. MATIAS, LÍGIA QUEIROZ. 2011. Checklist das monocotiledôneas do Ceará, Brasil. <http://periodicos.ufersa.edu.br/index.php/sistema>. O site da Delfina de Araújo, um dos mais importantes sobre orquídeas no Brasil e no mundo. <http://www.delfinadearaujo.com/estados/ceara.htm>.
O site da ACEO (Associação cearense de Orquidófilos), importante referência no estado, <http://www.orquidofilos.com/catalogo>. 


Nova Sp. Stelis duckei E. Pessoa & M. Alves


Stelis duckei fotografa na área typus por Marcelo Carvalho em Maio de 2014



Nessas minhas aventuras pelas Serras cearenses, fico na expectativa de fotografar alguma orquídea vegetando na natureza, quem sabe até florida. Na última ida a Serra de Maranguape tive muitas surpresas boas. No caminho para a Pedra do Rajada, avistei uma Stelis grande para o gênero, a primeira vista achei que fosse S. Aprica, porém nunca vi nem mesmo cultivada, uma aprica daquele porte. Fotografei e postei as fotos no DetWeb, e Edlley Pessoa identificou, o mesmo que descreveu a orquídea mais 90 anos depois que Ducke coletou. Isso mesmo a História dessa orquídea começou em 1908 com a excursão de Adolpho Ducke pela Serra de Maranguape. Ducke coletou a orquídea mas não a descreveu. Trata-se da Stelis duckei, descrita por Edlley Pessoa e Marccus Alves, ambos da Universidade Federal de Pernambuco, departamento de Biologia Vegetal. Tive o privilégio de fazer as fotos na área typus. 



Por Marcelo Carvalho - Perto da Pedra do Rajada - Serra de Maranguape

Etimologia

 Duckei

O nome é em homenagem a Adolpho Ducke, grande naturalista que descreveu mais de 900 novas espécies botânicas.



Stelis duckei E. Pessoa & M. Alves

Morfologia

Stelis duckei é morfologicamente semelhante as espécies colocadas por Luer (2004) no grupo Crocodeilanthe, a qual foi tratada sob Stelis s.l. por Pridgeon e Chase (2001). Dentro do grupo Crocodeilanthe, Stelis duckei é mais semelhante a Stelis speciosa, a qual foi recentemente descrita nas  florestas úmidas montanhosas (2.400 m), no Equador (Luer, 2011). Stelis speciosa e S. duckei podem ser distinguidas porque a primeira tem ramicaule mais curto (8,0-9,0 cm vs 9,5-20,5 cm), folhas estreitas (1,5-1,8 cm vs 3-5,8 pétalas cm), elípticas e obtusos , e um labelo com uma ampla vértice arredondado e um calo semi-lunar na base. Enquanto que S. duckei é reconhecida pelo ramicaule mais longo, folhas mais largas, elípticas e obtusas. Labelo obtuso com um calo em forma de crista na base. 





Fig, 1 - Stelis duckei. A. Habitat.  B. vista lateral da flor. C. Perianto dissecado. D. Labelo. E. Detalhe do calo no labelo. F. Vista lateral do labelo e da coluna. G. Fruto (Tirado do Holótipo).





Distribuição e Ecologia

Stelis duckei é conhecida somente na Serra de Maranguape, no estado do Ceará, nordeste do Brasil. Sendo portanto,  endêmica do estado. A área é conhecida como Brejos de altitude do nordeste, e é um enclave de Mata Atlântica dentro do bioma Caatinga, que também tem a particularidade de abrigar diversas espécies da Floresta Amazônica. (Figueiredo & Barbosa, 1990; Araújo et al, 2006). O período de florescimento é pouco conhecido, mas como base no material conhecido floresce entre abril a outubro. As das fotos floresceram em maio.


Stelis Duckei  - Aromas deliciosos de especiarias como cravo e canela, exalam de suas flores.






Agradecimentos:

Agradeço especialmente ao próprio Edlley Pessoa, botânico da Universidade de Pernambuco que descreveu a planta e a identificou para mim no grupo DetWeb, onde postei as fotografias. Ainda cedeu bondosamente seu artigo cientifico que descrevia a espécie. Não somente por esse trabalho, mas como o mesmo é especialista em Orchidaceae do nordeste e amazônia, sempre tem me ajudado na identificação das orquídeas que fotografo. A Vera Coelho, Lima Verde e Italo Gomes, amigos da ACEO (Associação Cearense de Orquidófilos), os quais sempre recorro em busca de ajuda, que além de conhecedores são exímios cultivadores e apaixonados por Orquídeas. Ao Movimento Pró-Árvore (Antonio Sergio e Leonardo Jarles Leitão), que despertou em mim essa paixão por querer conhecer as plantas e fortaleceu o desejo de proteger nossas árvores, o Pró-Árvore, na sua essência de preservar e valorizar a Flora nativa do Ceará, tem percorrido todo estado, identificando muitas espécies; vez por outra descobrindo novas ocorrências para o estado do Ceará. E finalmente ao Grupo Loucos Pela Trilha, que não é de interesse botânico, mas sim de aventura, e  são meus fieis companheiros pelas florestas e afins. 





Fontes:











quinta-feira, 10 de abril de 2014

Oeceoclades maculata - Joia terrestre

Oeceoclades maculata - Planta fotografa no Parque Ecológico do Rio Cocó.


Œceoclades é um género botânico pertencente à família das orquídeas (Orchidaceae).Foi proposto por John Lindley, publicado em Edwards's Botanical Register 18: sub pl. 1522, em 1832. É tipificado pela Œceoclades maculata (Lindley) Lindley, anteriormente conhecida como Angræcum maculatum Lindley, o lectótipo foi desigando por Lindley em J. Proc. Linn. Soc., Bot. 3: 36, em 1859.


Oeceoclades maculata com frutos

Etimologia 

O nome deste gênero é uma palavra híbrida do gregoοικειος (oikeios), que significa “de casa”, e do latimclades, que significa “destruição” (este, por sua vez, tem origem no verbo grego κλάω: quebrar), numa referência à mudança de gênero pela qual a planta passava.

O gênero possui cerca de 31 espécies distruibuidas pelas Américas, Florida, Africa Tropical, Ilha de Madagascar, Mascarene e Seyshelles. São plantas terrestres, raramente epífitas.


Oeceoclades maculata  

Oeceoclades maculata é a única espécie que ocorre no Brasil. Suas flores são rosadas, labelo brancos com duas faixas laterais na cor vermelho. sua inflorescência pode atingir até 40cm, emergindo da base do pseudobulbo. Floresce geralmente no outono. Aqui no Ceará floresce entre janeiro e maio. Ocorrendo frequentemente a autogamia (autopolinização), o que facilita sua dispersão. A sua origem é um mistério, Madagascar é apontada como sua possível origem. É a orquídea de maior área de dispersão. Segundo Delfina de Araújo, existe a variedade alba, sendo esta foi encontrada pelo orquidófilo Nelson Luis Bittencourt, em Niterói - RJ.

Oeceoclades maculata
Como cultivar

Aprecia boa luminosidade indireta, e substrato úmido mas não ensopado, podendo ser plantada direto do chão do jardim em local sombreado, ou em qualquer tipo de vaso médio de cerâmica ou plástico, com base de pedriscos, brita ou cacos de telha para drenagem. O substrato deve ser composto de terra vegetal, areia grossa e esterco orgânico curtido. Na natureza observei que vegeta naturalmente em matas sombreadas que permitem boa luminosidade indireta e solo rico em matéria orgânica como folhas ou pau podre.





Fontes:
http://www.delfinadearaujo.com/on/on24/pages/del01.htm
http://orquideasfloresperfeitas.blogspot.com.br/2011/12/oeceoclades-maculata.html
http://pt.wikipedia.org/wiki/Oeceoclades